Coco e seu Significado: Por que ele é oferecido (e quebrado) em Rituais Hindus?
É comum vermos em gravuras que retratam deidades e também nos templos do sul da Índia um ou mais cocos sendo oferecidos em frente o Murthi (imagem).
Em algumas ocasiões, o coco é colocado no topo de uma jarra cheia de água chamada Kalasha e adornada com flores, desenhos e folhas de manga.
Ele é oferecido não apenas para deidades nos templos, mas também em outras ocasiões importantes como cerimônias de casamento, festivais, na chegada de alguém importante em casa e até mesmo ao adquirir um novo bem material como um carro ou uma casa.
Esta fruta conhecida pelos nomes Narikela, Shrifala ("fruta de Deus"), Mahafala ("Grandiosa fruta") é considerada a forma mais pura de oferenda que se pode oferecer a Deus.
Origem do coco nas Escrituras
Na escritura Vishnu Purana existe uma história profunda e muito curiosa sobre a origem no coco.
É dito que o sábio Viswamitra saiu em penitência a uma terra distante por determinado período. O sábio deixou sua família para trás e um período de escassez se alastrava na região.
Satyavrata era o rei da região na época. Ele era piedoso e sabendo das dificuldades pela qual a família do sábio Viswamitra passava, tomou conta de suas necessidades.
Gravura no Templo Jambukeswar, em Tamil Nadu (Índia) mostra o Sabio Viswamitra criando o coqueiro. Foto: crédito
Quando o sábio retornou para casa soube da proteção que o rei estendeu a sua família e ficou muito feliz. Ele pediu ao rei que lhe pedisse qualquer favor.
O rei pediu que o sábio o enviasse para Swargaloka (céu) levando seu corpo. Indra vendo que o rei ascendia ao céu sem deixar o corpo físico se zangou e empurrou o rei de volta à Terra.
Quando Viswamitra viu o que acontecia se sentiu insultado e decidiu não deixar o rei Satyavrata cair na Terra.
Usando seus poderes ele ergueu um pilar e permitiu que o rei descansasse sobre ele.
Criou-se um novo céu chamado Trisanku que "não era nem aqui e nem lá". Gradualmente, o pilar que carregava Satyavrata desenvolveu-se em um Coqueiro como o conhecemos hoje!
Oferecido principalmente ao Senhor Ganesha, o coco é colocado diante dos Homas (rituais de purificação com Fogo). Depois ele é quebrado e colocado diante da deidade para em seguida ser distribuído como Prasada.
Coco e a quebra do Ego*
O coco é singular em muitos aspectos. A sua água formada dentro da casca é limpa, nutritiva, intocada, semelhante a um néctar. A casca grossa e suas fibras representam os inimigos da mente: kama (luxúria), krodha (raiva), lobha (ganância), moha (apego), mada (orgulho) e matsarya (inveja).
A casca precisa ser quebrada e removida se desejamos entrar e alcançar a pureza e felicidade de dentro representada pela polpa branca da fruta.
Nenhuma outra fruta possui três pontos que simbolizam os dois olhos físicos e o terceiro olho.
Somente um dos pontos do coco é possível perfurar para entrar na parte interna. Da mesma forma, somente a partir do terceiro olho podemos penetrar a camada do Ego e alcançar a Suprema Verdade.
Pode-se dizer que a composição do coco representa os três elementos do ser: a casca, cheia de fibras que representa o corpo físico. A polpa branca da fruta que representa a camada a mente e personalidade e a água que representa a composição espiritual.
*Com base nas postagens da fanpage Sonatoni Mohashakti Shangha Bangladesh
Foto Inicial: crédito